12 passos para entender o tabagismo e apagar de vez o cigarro da sua vida
31 de maio é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco; segundo oncologista, os tabagistas passivos também têm chances de desenvolver doenças cardíacas, pulmonares e câncer
Criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o Dia Mundial Sem Tabaco – 31 de maio – tem como objetivo alertar a população sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Estima-se que 100 milhões de pessoas tenham morrido no século 20 em decorrência do fumo. Dados da OMS apontam que no ano de 2020 acontecerão mais 7,5 milhões de mortes, tanto fumantes ativos como passivos serão vítimas desse produto. “Está cada vez mais claro que os tabagistas passivos (aqueles que não fumam, mas convivem de perto com quem fuma) também têm mais chances de desenvolver doenças cardíacas, pulmonares e câncer de pulmão, cabeça e pescoço, esôfago e bexiga”, afirma Vinícius Corrêa da Conceição, oncologista clínico e sócio do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia.
Para ajudar as pessoas a entenderem de uma vez por todas o mal que o tabagismo causa a saúde, o médico preparou 12 passos para auxiliar nesta conscientização. Confira:
1 – Substâncias nocivas
São mais de 4.800 compostos químicos em um único cigarro, dentre os quais mais de 70 são sabidamente cancerígenos. É disparado o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer, estando relacionado, a pelo menos, 30% de todos os tumores.
2 – A nicotina atinge o cérebro em 10 segundos
Depois de tragar um cigarro, leva cerca de 10 segundos para a nicotina chegar ao cérebro, liberando substâncias responsáveis por promover sensação de prazer e euforia. Por isso, o cigarro é tão viciante.
3 – Tumores relacionados ao tabagismo
O tabagismo está diretamente relacionado a um maior risco de desenvolver vários tipos de neoplasias, com particular importância para cânceres de pulmão, cabeça e pescoço (boca, língua, faringe, laringe, esôfago), estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemias.
4 – Câncer de pulmão
O tumor é o terceiro mais incidente no Brasil e aquele que mais mata e, está diretamente relacionado ao tabagismo. Mais de 80% dos pacientes são ou foram tabagistas. Trata-se de um dos canceres mais agressivos, acometendo cerca de 1,8 milhão de pessoas e em mais de 80% dos casos a doença é diagnosticada em fases avançadas, com metástases, quando a cura é praticamente impossível.
5 – Câncer de cabeça e pescoço
O tumor de cabeça e pescoço, sendo o mais frequente, o carcinoma epidermoide, representa o terceiro tipo mais comum de câncer nos homens no Brasil (quando contamos os tumores de cavidade oral, faringe, hipofaringe e laringe juntos) e está intimamente relacionado ao tabagismo, sendo acompanhado logo em seguida pelo álcool e, depois, pela infecção pelo vírus do HPV.
6- Câncer de bexiga
Embora o tumor de bexiga seja mais raro que o de pulmão e o de cabeça e pescoço, é extremamente agressivo. Acomete mais de 9 mil brasileiros, sendo 6.6 mil homens e 2,7 mil em mulheres, e causa a morte de cerca de 4 mil pessoas ao ano. 70% dos casos estão ligados ao uso de cigarro. As substâncias nocivas do fumo são filtradas pelos rins e entram em contato com a parede da bexiga.
7 – Outras doenças relacionadas ao cigarro
O tabagismo é o segundo fator de risco mais importante para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (perdendo apenas para hipertensão arterial), como angina, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral. Além de diversas outras doenças respiratórias (enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias). Há ainda outras doenças relacionadas ao tabagismo: úlcera do aparelho digestivo; osteoporose; catarata; impotência sexual no homem; infertilidade na mulher; menopausa precoce e complicações na gravidez.
8 – Cigarro e COVID-19
Na atualidade, não podemos esquecer a pandemia de Sars-CoV-19, causada pelo coronavírus, que já matou milhares de pessoas pelo mundo. Já existem dados de estudos chineses e italianos relacionando o tabagismo com a forma mais grave da doença e uma maior letalidade. Acredita-se que um dos motivos pelos quais a Itália teve tantos casos graves e óbitos por COVID-19, seja o fato do número de tabagismo no país ser um dos mais altos da Europa.
9- Fumantes passivos também sofrem as consequências.
Os tabagistas passivos também têm chances de desenvolver câncer, doenças cardíacas e pulmonares. Do total de mortes relacionadas ao cigarro, 12% ocorrem em fumantes passivos.
10 – Brasil com lugar de destaque no combate ao tabagismo
O Brasil ganhou lugar de destaque ao conseguir reduzir de forma consistente o número de pessoas que fumam. Os esforços para essa redução começaram em 1990, quando profissionais de estados e municípios foram treinados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para tratarem pacientes tabagistas no SUS e o tratamento começou a ser oferecido de forma gratuita, por exemplo, com a disponibilização de medicações como a bupropiona. Os impostos sobre os cigarros aumentaram, chegando a 83%, em 2018; as propagandas foram proibidas em televisão e revistas, tornou-se obrigatório estampar as embalagens de cigarro com fotos e frases que mostrassem os efeitos devastadores do cigarro e, por fim, a proibição do fumo em locais fechados de uso coletivo. Todas essas medidas levaram o país a reduzir em mais de 50% o número de pessoas que fumam nos últimos 25 anos (34% da população em 1989 e 10% em 2017).
11 – Alternativas ao cigarro convencional. Perigo em crescimento!
Além do cigarro, existem os charutos, cachimbos, cigarros de palha, narguilés e, mais recentemente, os cigarros eletrônicos. Algumas pessoas defendem esses tipos de fumo, alegando serem menos prejudiciais. No entanto, isso não é verdade. Alguns deles são ainda mais nocivos. E o cigarro eletrônico vem se mostrando um grande perigo! O seu uso vem crescendo no Brasil (onde a comercialização é proibida) e no mundo. Em 2018, mais de 3,5 milhões de estudantes do ensino médio nos EUA disseram já ter experimentado o cigarro eletrônico. Seus efeitos deletérios ainda não são completamente conhecidos, mas o Centro de Controle de Doenças dos EUA divulgou recentemente várias mortes associadas diretamente ao seu uso.
12 – Os benefícios ao parar de fumar são rapidamente sentidos
Há quem acredite que o tabaco leva anos para começar a causar danos no corpo humano. Na verdade, é preciso apenas alguns minutos para que esses danos comecem a acontecer no organismo. No entanto, mesmo depois de anos alimentando esse vício é possível recuperar a saúde depois de colocar um fim nele. Apenas 48 horas depois de parar de fumar, as terminações nervosas começam a ser regeneradas, fazendo com que se sinta melhor os sabores e cheiros. Porém, uma pessoa que fumou por muitos anos, precisa de cerca de 20 anos livre do cigarro pra voltar a ter o mesmo risco de desenvolver câncer de pulmão de uma pessoa que nunca fumou.
*Vinícius Correa da Conceição é médico oncologista com residência médica em oncologia pela Unicamp, graduação e residência médica em clínica médica também pela Unicamp. Tem título de especialista em cancerologia e oncologia clínica pela Sociedade Brasileira de Oncologia, foi visiting fellow no serviço de oncologia do Instituto Português de Oncologia (IPO), no Porto. Membro titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO), da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC), do Grupo Brasileiro de Melanoma (GBM), e da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC). Vinícius é sócio do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, e atua na oncologia do Instituto do Radium, do Hospital Madre Theodora, do Hospital Santa Tereza e da Santa Casa de Valinhos.
Sobre o Grupo SOnHe
O Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, é formado por oncologistas e hematologista que fazem o atendimento oncológico humanizado e multidisciplinar no Hospital Santa Tereza, Instituto do Radium, Madre Theodora, três importantes centros de tratamento de câncer em Campinas. E no Hospital Santa Casa, em Valinhos. A equipe oferece excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética, científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado pelos oncologistas: André Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinicius Correa da Conceição, Vivian Castro Antunes de Vasconcelos, Rafael Luís, Susana Ramalho, Leonardo Roberto da Silva e Higor Montovani e pelos hematologistas Márcia Torresan Delamain e Paulo Vittor. Saiba mais: no portal www.sonhe.med.br e nas Redes Sociais @gruposonhe.