Mulheres no comando: cooperativismo e ampliação do acesso ao crédito
*Marcia Helfenstein Koch
O Prêmio Nobel de Economia foi concedido a mulheres apenas três vezes, a última delas em 2023. Para receber o prêmio, a professora Claudia Goldin, da Universidade de Harvard, estudou a situação feminina no mercado de trabalho, debruçando-se em mais de 200 anos de história. Das extenuantes jornadas nas lides agrícolas do século 18 até as primeiras duas décadas dos anos 2000, as transformações na atuação feminina têm sido significativas. No início do século 20, as mulheres já eram mais escolarizadas do que os homens. Hoje, a cadeira almejada por elas nas empresas é a de presidente, e não mais um papel predestinado como auxiliar. Mas quantas grandes mulheres ficaram à sombra da história?
No Brasil, as mulheres foram autorizadas a ingressar em colégios para estudar além da escola primária em 1827. O direito ao voto só viria em 1932. Em 2023, apesar de representarem 52% do eleitorado, apenas 12% delas comandam prefeituras, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O mundo corporativo, ao contrário das hostes políticas, começa a delinear um cenário mais promissor. De acordo com o Panorama Mulheres 2023, um estudo realizado pelo Talenses Group e Insper, as mulheres representam 17% das CEOs em empresas brasileiras. Em 2017, elas eram 8%. De modo geral, a pesquisa indica que a presença feminina conquista duas vezes mais espaço em todos os cargos de liderança quando a presidência das organizações é ocupada por uma mulher.
Uma busca rápida na internet é suficiente para encontrar inúmeros estudos que atestam a eficiência das empresas com liderança feminina. Nesses levantamentos, termos como “inclusão”, “diversidade” e “empatia” tendem a se incorporar pouco a pouco ao DNA de pequenas, médias e gigantescas companhias geridas por mulheres.
Com mais executivas à frente dos negócios, as instituições financeiras têm visto um nicho não apenas inclusivo, mas também um expressivo retorno financeiro. Por essa razão, elas vêm ampliando os investimentos em empresas com gestão feminina.
O Sicredi, uma instituição financeira cooperativa com mais de 7 milhões de associados e presença em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, captou internacionalmente US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) para destinar a micro, pequenas e médias empresas brasileiras lideradas por mulheres. A iniciativa inclui o fator gênero como critério para o uso dos recursos que foram mobilizados pela International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial, com participação do BNP Paribas e Sumitomo Mitsui Banking Corporation (SMBC).
Na linha de atuação que valoriza as lideranças femininas no Brasil, o Sicredi recebeu o “Título Sustentável do Ano” pelo Global SME Finance Awards 2023. A instituição também conquistou menção honrosa como “Melhor Financiador para Mulheres Empreendedoras”.
As conquistas das mulheres, em todos os âmbitos, foram árduas e não serão menos difíceis daqui para frente. Os passos a serem dados são incontáveis, mas as mulheres estão trilhando um caminho inclusivo, capaz de igualar oportunidades com mais humanidade.
*Marcia Helfenstein Koch é diretora-executiva da Sicredi Iguaçu PR/SC/SP.