Seminário Chile-Brasil: CIESP sugere aliança estratégica regional na agenda de segurança energética e alimentar
Subsecretária de Relações Econômicas Internacionais chilena ressaltou que o Brasil é o principal destino de investimentos daquele país
A descarbonização, o futuro do combustível, incluindo o setor de aviação, a produção e o consumo de drones e baterias, os modais de transporte para cargas e pessoas e as regras para e-commerce são alguns assuntos propostos para discussão, na pauta de comércio entre o Brasil e o Chile, sugeridos pelo presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone. Ele foi o anfitrião de uma comitiva do governo do Chile durante a abertura do “Seminário Atração de Investimentos Chile-Brasil”, que aconteceu no dia 27 de novembro, em São Paulo.
Participaram do evento o embaixador do Chile no Brasil, Sebastián Depolo, e subsecretárias de Agricultura e Turismo e Diretor Geral da InvestChile.
Cervone também defendeu a ampliação da aliança estratégica, não só entre Brasil e Chile, como também de toda a América Latina e sugeriu à comitiva chilena uma aproximação comercial com a África. O continente deve alcançar até 2100 o mesmo nível populacional da Ásia, continente que hoje reúne mais da metade da população mundial.
Para Cervone, a pandemia evidenciou a necessidade de cadeias industriais fortalecidas, visto que países mais industrializados se mostraram mais bem preparados para o enfrentamento da desestruturação do comércio durante a crise sanitária.
Ele também destacou a importância de um alinhamento estratégico para a agenda de segurança energética e alimentar, além de inovação e tecnologia. “Estamos vivendo anos difíceis. Primeiro com a recessão, depois com a pandemia de covid-19, seguida pela guerra Rússia x Ucrânia e agora com a guerra Hamas x Israel, que tem potencial de se expandir. Temos que repensar nosso futuro e recompor nossas cadeias de fornecimento”, disse Cervone.
Cervone destacou também que não há inovação, novas tecnologias aplicadas as cadeias produtivas e desenvolvimento econômico sem um investimento significativo no pilar de educação; base de uma sociedade dinâmica, o desempenho educacional do Chile é exemplo e pode motivar parcerias e o desenho de políticas no ambiente educacional brasileiro.
Ele alertou ainda à comitiva chilena de que as novas guerras comerciais no mundo se darão não mais por meio de política econômica, mas, sim, pelas industriais.
O presidente do Ciesp também falou sobre o fato de o Brasil liderar o ranking de terras raras ou metais raros, embora ainda esteja muito aquém da sua máxima capacidade de produção. Ele avalia que o país precisa saber produzir e descartar adequadamente os metais raros que possui em seu território e que podem se tornar matéria-prima para indústrias do mundo todo.
“O Chile é um país-irmão do Brasil. E agora temos uma oportunidade, com um timing perfeito para estimular o crescimento dessa relação entre os dois países”, afirmou.
A subsecretária de Relações Econômicas Internacionais do Chile, Claudia Sanhueza Riveros, lembrou que o Brasil é o maior país da América Latina e que o mundo todo está “vinculando-se” em alianças comerciais estratégicas.
Riveros argumentou que a agenda de abertura faz parte dos três pilares da política comercial do Chile, bem como o comércio inclusivo e o projeto do corredor bioceânico, projeto de integração considerado o mais avançado em termos de infraestrutura latino-americana e que deve reduzir em 25% custos de importação e exportação.
De acordo com Riveros, o Brasil ocupa o primeiro lugar entre os principais destinos para os investimentos diretos do capital chileno, com US$ 37,9 milhões acumulados entre 1990 e 2020.
A indústria é o terceiro setor que mais atrai investimentos no Brasil com uma fatia de 28,9%, perdendo apenas para o setor de serviços com 41,9% e energia com 28,9%.
Além disso, ela ressalta que hoje o Brasil é o terceiro maior parceiro comercial dos chilenos, atrás somente da China e dos EUA.
O Brasil também é o segundo país que mais consome produtos manufaturados do Chile, o terceiro que mais compra do setor de agricultura e pesca e ainda se destaca como o quarto maior mercado consumidor do vinho chileno.
A subsecretária lembrou ainda que os dois países têm um Acordo de Livre Comércio assinado em 2018 e que entrou em vigor no ano passado. No ano passado, o Chile exportou US$ 98,5 milhões em mercadorias. A América Latina consumiu 14% do total de exportações. A América do Norte lidera o ranking com 15%, seguida de Europa, 10% e África,1,2%.
O Chile tem cerca de 16 milhões de habitantes e tem uma das economias mais fortes da América Latina devido à sua diversificação. Hoje o país chama a atenção pelo alto nível de integração comercial externa e a ampla rede de acordos de comércio, Mercosul (Mercado Comum do Sul), CAN (Comunidade Andina das Nações), UE (União Europeia) e Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) são alguns dos blocos comerciais com os quais o Chile possui preferências comerciais. O país também chama a atenção por ter o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da América do Sul.
Roncon & Graça Comunicações
Jornalistas: Edécio Roncon / Vera Graça