Universitária com transtorno do espectro autista treina o próprio cão de assistência

Giordanna Martins Bononi, de 20 anos, aluna da Faculdade de Terapia Ocupacional da PUC-Campinas, leva Apolo para as aulas na Universidade, ao estágio no Hospital e até para as “baladas”, aumentando a sua inclusão e convivência social. A experiência positiva a incentivou a treinar outros cães para auxiliar pessoas com epilepsia e com síndrome de burnout e a pensar na possibilidade de utilizar esse dom como profissão.

No mês em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo (2 de abril), vale destacar a história da universitária Giordanna Martins Bononi, de 20 anos, aluna do primeiro ano da Faculdade de Terapia Ocupacional da PUC-Campinas. Diagnosticada com transtorno do espectro autista, Giordanna descobriu ter o dom para treinar cães de assistência para auxiliar pessoas com necessidades especiais ao trabalhar em uma ONG que adestra animais para pessoas com deficiência. Há dois anos, decidiu treinar Apolo, seu cão labrador, para ser um fiel companheiro nas 24 horas do dia e dar suporte nas crises de ansiedade e do próprio autismo. O cão alerta a estudante antes que as crises aconteçam e, quando elas ocorrem, Apolo faz terapia de pressão: ele sobe no colo de Giordanna e a mantém no lugar para que ela não se machuque. Desde então, Apolo a acompanha nas aulas e atividades da Faculdade instalada no Campus II da Universidade, no estágio no Hospital PUC-Campinas e “até nas baladas”, conforme conta. Apolo está sempre em treinamento. De acordo com as dificuldades que Giordanna enfrenta, ela ensina o cão a ajudá-la.

Aliás, como já trabalhava com o treinamento de cães, a decisão de Giordanna pelo curso de Terapia Ocupacional foi alinhada ao seu objetivo de obter mais conhecimento no processo de adestramento. Hoje, ela pode aproveitar mais a vida universitária e curtir as atividades próprias da idade. Apolo é o primeiro cão de assistência a frequentar a Universidade. A sua chegada, como acompanhante da universitária, foi cuidadosamente pensada e organizada pelo Programa de Acessibilidade da Instituição (ProAces). A experiência, tão positiva, a incentivou a treinar outros cães: um já foi treinado para auxiliar uma pessoa com epilepsia e outro, em adestramento, para assistir uma pessoa com síndrome de burnout. Esse dom já começa a ser usado para alavancar Giordanna na profissão. “Quando a Giordanna chegou com essa demanda, os primeiros passos foram entender como funciona a legislação para esse tipo de assistência e, depois, verificar em quais ambientes ela estaria na Universidade para analisarmos possíveis impactos com a presença do cão. E a inserção dela foi muito tranquila”, comenta Tatiane Andrietta, pedagoga em Educação Especial do ProAces da PUC-Campinas. Como o cão precisa estar o tempo todo focado em Giordanna para atender suas necessidades, o único senão é que as pessoas não interajam com ele enquanto estiver usando o colete que o identifica como cão de assistência. Às vezes, ela lhe “dá uma folga”, e ao tirar-lhe o colete, o libera para interagir com as pessoas à sua volta.

O processo, importante para a missão da Universidade de evoluir sempre preocupada com a pessoa humana, também é reforçado por Gisele Casacio, diretora da Faculdade de Terapia Ocupacional da PUC-Campinas, que participa de todo o processo. “A entrada de uma aluna que faz parte do espectro autista e que tem um cão de assistência traz um ganho para a faculdade, para o hospital, para a equipe, para os pacientes e para a própria aluna, que entende o quanto ela é capaz de estar nesses locais e o quanto nós, como universidade, conseguimos adequar e facilitar o acesso, que é um direito de toda pessoa com deficiência”. “É importante abrirmos as portas para essa população, que está crescendo tanto. Nós preparamos a equipe para recebê-la e todos estão adaptados”, explica Fátima Brasileiro, coordenadora do Serviço de Terapia Ocupacional do Hospital PUC-Campinas. “Espero que esse processo seja cada vez mais comum e que, no futuro, as pessoas aprendam mais sobre o autismo e tenham mais empatia. Nós não somos apenas uma deficiência, nós somos uma pessoa, um ser humano, que deseja ser tratado da mesma forma que todos”, reforça Giordanna.

Observações

O dia 2 de abril foi estabelecido como o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo em 2007, pelas Nações Unidas, como forma de aumentar a conscientização relacionada a todos os aspectos do transtorno do espectro do autismo.

Cinco “profissões” dos “cães de trabalho”:

Fonte:

https://www.specialdog.com.br/portalpet/caes-de-trabalho-conheca-as-5-principais-profissoes-desses-animais-

As características sensoriais dos cães – olfato, paladar, audição, tato e visão – são aproveitadas em diversas tarefas. Os cães são sensitivos e conseguem perceber quando algo não está normal. No auxílio de deficientes visuais, por exemplo, os cães passam por um intensivo treinamento para aprender a acompanhar e guiar seu tutor, impedindo que ele colida em obstáculos ou entre em situações de perigo. Para aqueles com dificuldades motoras, os cães são adestrados para buscar objetos, desligar aparelhos e auxiliar em episódios de quedas. Para cada tipo de tarefa que é treinado para executar, os cães recebem diferentes nomenclaturas:

  1. Cães de faro

Animais com faro muito aguçado, são utilizados para encontrar pessoas soterradas, explosivos e todo tipo de material, inclusive entorpecentes. As raças mais usadas nesses trabalhos são o Golden Retriever, o Labrador Retriever e o Pastor Alemão e suas variações. O cão de faro utilizado para encontrar drogas, além de todas as características gerais, precisa ser brincalhão, ágil e flexível para poder escalar e entrar em lugares de difícil acesso.

  1. Cães de patrulha

Normalmente utilizados pela polícia para patrulhas a pé ou motorizadas, deslocamentos ou guias de detentos, ou apenas para causar impacto psicológico nas rondas dos policiais, tentando, de alguma forma, reduzir o estresse para evitar o uso da força (Pastor Alemão e suas variações e o Rottweiler).

  1. Cães de Resgate e Salvamento

São usados para encontrar e identificar pessoas perdidas ou fugitivos. Antigamente, durante as guerras, os cães eram treinados para encontrar os feridos e prover suporte com kits acoplados a eles até que alguém pudesse chegar com apoio. Também eram acoplados a trenós para resgates de pilotos que se perdiam em meio à neve. Essa tarefa é feita até hoje.

Os cães utilizados pelos bombeiros são designador para encontrar seres vivos ou não, em meio a matas, áreas soterradas, lama, água etc. (Labrador Retriever e Bloodhound).

  1. Cães de terapia

Os cães possuem um imenso potencial terapêutico. Apenas a presença deles já alivia o estresse e deixa as pessoas mais calmas. Por isso, alguns são treinados para oferecer apoio emocional a pessoas doentes, crianças com alguma disfunção ou autismo e idosos, e até entram no plano terapêutico de alguns pacientes, os visitando nos hospitais. (Qualquer cão que tenha o temperamento ideal, boa socialização e o correto treinamento).

  1. Cães de serviço ou de assistência

Utilizados para orientar ou ajudar uma pessoa com deficiência física ou que possua necessidades específicas. Esses cães se tornam parceiros da pessoa que o “emprega” e são essencialmente treinados para suprir a deficiência de seu tutor. A base do treinamento é identificar o problema e ajudar a superá-lo. Usando como exemplo um tutor que possua deficiência visual, o cão-guia pode auxiliá-lo a se locomover, evitando que se machuque ou entre em situações de perigo. Existem também cães de assistência a pessoas com crises convulsivas, que são treinados para identificar o início de uma crise, proteger e ajudar a evitar que se machuquem. (Labrador Retriever e Golden Retriever). Normalmente, os cães de serviço são identificados com um colete que mostra que eles estão em horário de trabalho.

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