Projeto Juventudes em Rede mobiliza adolescentes, profissionais da saúde e da educação em Campinas
Realizada pelo CEDAP (Centro de Educação e Assessoria Popular), iniciativa atua pela defesa dos direitos sexuais e reprodutivos
Acabamos de passar pelo Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, em 18 de maio, uma data que busca amplificar as ações de enfrentamento da violência sexual contra o público infantojuvenil. As estatísticas comprovam a necessidade urgente de se falar do assunto. Em Campinas, o Boletim Sisnov (nº16, de dezembro de 2023) apontou que a violência sexual foi o tipo de violência mais notificado entre os adolescentes, em 23,2% dos casos.
“Além da questão da violência, vimos em Campinas uma tendência no aumento da casos de gravidez em meninas menores de 15 anos. Esse cenário mostra a importância de abordar as temáticas que envolvem a saúde sexual e reprodutiva de adolescentes e jovens. Quando eles acessam informações e profissionais qualificados, conseguem se proteger, inclusive sabendo o caminho a seguir para fazer as devidas denúncias, nos casos das violências”, comenta Mariana Saes. Ela é a coordenadora técnica do projeto Juventudes em Rede – pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos, que envolve um programa de capacitação de jovens e um percurso formativo para 100 profissionais da Saúde, Educação, Assistência Social e OSCs (Organizações da Sociedade Civil) que atuam no município de Campinas, especialmente em áreas de vulnerabilidade social.
O projeto recebeu apoio da Fundação FEAC e é realizado pelo CEDAP, Centro de Educação e Assessoria Popular, organização sem fins lucrativos fundada em 1987. “A ideia é que esses jovens se tornem multiplicadores conscientes e atuantes entre seus pares para promoção e defesa dos direitos sexuais e reprodutivos. Já com o percurso formativo para os profissionais, a proposta do projeto é contribuir para potencializar um atendimento mais humanizado e acolhedor para adolescentes e jovens que buscam os serviços disponíveis em seus territórios vulneráveis.”, detalha Mariana.
Para colocar o projeto em prática, as articulações começaram em 2023, e envolveram as Diretorias de Ensino Leste e Oeste, bem como a Secretaria Municipal da Saúde e Coordenadoria da Juventude, no âmbito municipal, além de outras Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Ao todo, foram selecionados para participarem dos encontros formativos mensais 100 profissionais e 60 jovens e adolescentes entre 13 e 24 anos, alunos de escolas públicas estaduais e usuários das OSCs parceiras.
Segundo Ricardo Castro e Silva, coordenador pedagógico do projeto, os primeiros encontros já evidenciaram o impacto benéfico de abrir espaço para o diálogo. “Profissionais da educação e da assistência social testemunham de perto e já foram trazendo para o debate o cotidiano de violência presente na vida desses adolescentes. Como esperar que eles consigam realizar seu trabalho e ensinar algo para pessoas que estão vivendo situações tão extremas? Fica claro que a violência, incluindo a violência sexual, impacta negativamente no processo de aprendizagem. A questão da sexualidade e falta de afeto, enquanto prazer da vida e na vida, necessariamente interfere nas violações e violências que acontecem na escola.”
As ações e novidades do Projeto Juventudes em Rede – Direitos Sexuais e Reprodutivos serão compartilhadas no site do CEDAP (https://cedap.org.br/) e também pelo Instagram do Projeto (@juventudes_em_rede_dsr). “O projeto não se limita aos participantes diretos das formações. A ideia é implantar e acompanhar campanhas e intervenções educativas ao longo do percurso, tendo o coletivo jovem como protagonista e multiplicador das ações em suas localidades”, finaliza Mariana.