SindusCon-SP projeta crescimento de 7% para o PIB da construção em 2022
Estimativa é de desaceleração, com aumento de 2,4% em 2023
Na entrevista coletiva de fim de ano à imprensa, em 6 de dezembro, a projeção do SindusCon-SP, de aumento do PIB da Construção, foi revista para cima e estimada em 7% em 2022, com expectativa de alcançar mais 2,4% em 2023. Em 2021, a taxa de crescimento anual já revista foi de 10%. Ainda para o próximo ano, estima-se que o setor contará com um cenário mais favorável em relação aos preços dos insumos.
Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, destacou que o mercado imobiliário, mesmo com taxas de juros alta, desemprego e menor renda disponível das famílias, teve bom desempenho, em parte por conta da percepção de desencanto com o mercado financeiro durante a pandemia. “Em 2023 teremos um ano de arrumação da economia, com muitos desafios”, comentou.
Ele observou que as previsões do início deste ano de todos os setores, inclusive as da construção, foram superadas, uma vez que no começo de 2022 as visões ainda estavam contaminadas pelos efeitos recessivos da pandemia.
Regional Campinas – Marcio Benvenutti, diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, afirmou que apesar da perspectiva apresentada pela entidade, com números de crescimento menores, regionalmente, a área voltada para construção de empreendimentos e locação social em 2023 poderá apresentar alguma recuperação. “Isso porque em 2022 houve uma queda nesse tipo de empreendimento e no próximo ano, com a formulação de um novo programa de habitação para a população de baixa renda, tenhamos algum estímulo para o aumento desse segmento de moradia social, que é muito importante para uma grande parcela da população”, acrescentou Benvenutti.
O diretor da Regional Campinas também destacou a importância estratégica de obras voltadas para infraestrutura, alavancando negócios no setor da construção civil no próximo ano.
Em relação ao Minha Casa, Minha Vida, o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, comentou que o programa precisa estar inserido em um plano de recuperação fiscal, uma vez que não está havendo espaço no orçamento federal para a contratação de habitações de interesse social. “No primeiro ano do governo eleito, haverá espaço para orientação de foco, buscando-se melhorar o programa nos anos seguintes”, afirmou.
O vice-presidente comentou que, no momento, algumas empresas seguram investimentos, outras consideram que não haverá mudança radical e que não será o anúncio dos nomes da equipe econômica que trará grandes alterações. “As decisões no mercado da construção não são tomadas rapidamente. Há angústia natural em relação a quem comporá a equipe econômica, é possível que se repita o desenho do primeiro governo Lula (um ministro político e técnicos nas diversas secretarias). Se o setor da construção não tomar decisões em dezembro, precisará tomá-las em janeiro”, afirmou.
Ele disse esperar que o emprego no setor ainda cresça em 2023, mas não na mesma proporção que em 2022.
Zaidan lamentou que não haja espaço fiscal para um crescimento maior da infraestrutura, o que a seu ver comprometerá muito o crescimento futuro. Ele destacou a necessidade de criação de um modelo indutor do investimento público e privado em infraestrutura.
Odair Senra, presidente do SindusCon-SP, comentou que por ora o setor está trabalhando para cumprir os contratos firmados e que esta atividade vai se prolongar em 2023.
Dados – O ciclo de negócios do setor continuou se sustentando ao longo de 2022, a despeito de uma conjuntura mais adversa dada pela forte elevação da Selic e dos preços dos imóveis. “Assim, se por um lado há uma desaceleração do ritmo de alta da atividade, por outro, nota-se que o setor ainda se sustenta em um patamar bastante elevado de crescimento”, afirmou a coordenadora de Projetos de Construção do FGV/Ibre, Ana Maria Castelo.
Ela prognosticou que 2023 será mais favorável aos segmentos de alta renda e habitação econômica, no segmento de edificações. Projetou crescimentos de 5% para edificações, 4% para serviços da construção, 1% para infraestrutura e 1% para o chamado “consumo formiguinha” e autogestão.
No terceiro trimestre do ano, a construção cresceu 1,1% na comparação com o trimestre anterior, já com ajuste sazonal, “puxada” pelo segmento formal do setor. O resultado representa a quinta alta consecutiva. No ano até setembro, o setor acumula expansão de 8,2%, bem superior à média do crescimento das demais atividades – o PIB nessa mesma comparação teve aumento de 3,2%.
O PIB trimestral não permite distinguir a contribuição da produção formal para o crescimento. Mas outros indicadores mostram que a parte formal da construção, ou seja, as obras produzidas pelas construtoras têm sido determinantes dessa dinâmica em 2022. De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o emprego com carteira apresentou até setembro aumento de 10,8%.
“A recuperação da ocupação e dos rendimentos está determinando as taxas positivas registradas pelo setor, que têm superado muito as projeções do início do ano. Por ser uma atividade essencialmente intensiva em mão de obra, o aumento da ocupação confirma um crescimento vigoroso da atividade. O ciclo de negócios que foi retomado ainda de forma tímida em 2019 prosseguiu nos anos seguintes e o mercado de trabalho está captando esse movimento”, demonstrou Ana Castelo em sua apresentação.
Para o Minha Casa, Minha Vida, ela disse esperar maior protagonismo para a baixa renda. Retomar o programa nos moldes anteriores não será possível, dada a nova realidade fiscal, comentou. “Está claro que o aprendizado do programa precisa ser incorporado, como o aluguel social e outras formas de atuação em conjunto com Estados e Municípios e com a iniciativa privada”, afirmou.
Roncon & Graça Comunicações
Jornalistas: Edécio Roncon / Vera Graça