A importância da cooperação para superar desafios

*Sandro Arquejada 

Nunca foi tão importante a cooperação entre as pessoas e povos para a superação dos desafios, e isso deveria começar pelo diálogo. No entanto, devido ao radicalismo, muitos têm tomado um lado mais rígido e o declaram abertamente, mesmo quando não são questionados, ou em situações fora de contexto. Fato que gera animosidades, pois, a sociedade está dividida e vemos muitas pessoas intolerantes a quem pensa diferente.

Até pouco tempo atrás, não era comum conhecer uma pessoa e já nos primeiros contatos saber qual sua posição política ou se é adepto de algum tipo de pensamento. Geralmente era preciso algum tempo de convívio para saber algum posicionamento sobre assuntos polêmicos.

O diálogo e a cooperação estão ficando escassos, pois, ultimamente, as pessoas acham mais importante ‘lacrar’, se sentindo dono da razão. Há quem, se percebendo em desvantagem nos seus argumentos, fala mais alto ou tenta destruir a moral do outro, estigmatizando-o de algo que as pessoas desaprovam. Pronto! É só rotular o outro, e este não consegue mais ser considerado, pois na ideia dos ouvintes, já é alguém de índole duvidosa.

Talvez essa dificuldade de diálogo seja reflexo das crises que o mundo está passando: humanitárias, econômicas, ambientais, morais. As pessoas estão se isolando e se afastando umas das outras.

Entretanto, para enfrentarmos os problemas que assolam nosso lar comum, é exatamente num movimento contrário que deveríamos estar focando nossos esforços, ou seja, de aproximarmo-nos. Precisamos retomar relações, perdoar, aprender a conversar e cooperar.

O ser humano é por natureza um ser comunitário, e não será feliz se não aprender a se relacionar e a fazer as coisas em conjunto, se não contribuir com o coletivo. “Ninguém é bom sozinho!”, ensinava o nosso fundador, padre Jonas Abib.

Uma ideia pode ser aprimorada se passa pela apreciação de outros e quando o idealizador permite que ela seja complementada. E quanto bem se alcança, quando duas pessoas se unem por um bem comum, quando não querem fazer prevalecer o ‘eu’, nem o ‘tu’, mas o ‘nós’.

Poucas coisas nesse mundo têm tanta força quanto o comum acordo, seja entre um casal, em família, entre amigos, num empreendimento, numa comunidade, ou na sociedade, de um modo geral. Quando cooperamos para o bem comum, um motiva o outro, o conhecimento de um e outro são disponibilizados e as chances de insucesso, diminuem.   

Contudo, repito, para chegar a esse fim, devemos, ao invés de nos afastarmos, aproximarmo-nos. E ajudará muito, pensarmos: Não o que nos divide, mas o que temos em comum. Não o que o outro tem de negativo, mas quais as qualidades do outro.

No filme Rush, existe uma fala entre os pilotos de Fórmula 1, Niki Lauda para James Hunt, em que ele diz como ambos atingiram uma maior excelência porque tiveram um ao outro como rivais, acabando ali a inimizade. Também Senna e Alain Prost, ambos testemunharam como se fizeram melhores por terem corrido na mesma época. 

Algumas dicas podem ser pontuadas:

– Não rechace totalmente a ideia do outro, deixe seus sentimentos um pouco de lado e analise tudo pela razão, pelos fatos e reconheça a verdade;

– Inclua elementos que sejam importantes aos dois, sentimentos, tradições;

– Combine as tarefas de cada um;

– E mãos à obra.

E caso não haja acordo, seja cordial com o outro, mas não inimigo. Nada disso é impossível, basta a sua e a minha disposição!

*Sandro Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova, formado em Teologia e  Administração de Empresas. Atualmente trabalha na “Formação – Núcleo das Famílias”. É autor dos livros “Ato Conjugal, Beleza e Transcendência”, “Maria, humana como nós”, “Como Rezar o Terço Mariano”, entre outros, pela Editora Canção Nova.

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