Fiesp e Ciesp indicam queda da atividade industrial em abril
Sensor cai para 44,3 pontos ancorado nas vendas, nos estoques, no emprego e no mercado neste mês
O Sensor fecha abril em 44,3 pontos, o que demonstra redução da atividade industrial paulista no mês. Este resultado amplia em -4,8 pontos a queda moderada apontada em março, quando registrou 49,1 pontos. Leituras abaixo de 50,0 pontos indicam a queda da atividade.
O indicador de mercado (setor de atuação) registra 47,1 pontos neste mês, resultado inferior aos 49,9 pontos do mês anterior. Por se manter abaixo da linha dos 50,0 pontos, o resultado indica piora das condições de mercado para a indústria paulista no mês.
As vendas apresentam queda em abril, com 42,3 pontos, e invertem o aumento apontado em março (quando registraram 55,9 pontos). Mesmo cenário se comparado a abril de 2022, quando o indicador sinalizou alta, ao registrar 54,0 pontos. Resultados abaixo de 50,0 pontos apontam para queda das vendas.
Os estoques registram 42,8 pontos em abril e permanecem acima do planejado por mais um mês. Este resultado marca o décimo quinto mês em sequência de resultados abaixo dos 50,0 pontos, o que indica estoques acima do planejado. A última vez em que os estoques estiveram abaixo do planejado foi em janeiro de 2022, quando registraram 50,2 pontos.
O emprego indica 44,1 pontos e se afasta ainda mais da linha dos 50,0 pontos se comparado ao mês de março, quando registrou 48,0 pontos (-3,9 pontos). Ao se manter abaixo dos 50,0 pontos há manutenção da perspectiva de redução do emprego neste mês.
Por fim, o indicador de investimentos, com 56,8 pontos, mantém o cenário de crescimento se comparado a última leitura (54,1 pontos), sendo que também houve ampliação frente a abril de 2022 (51,0 pontos). Resultados acima dos 50,0 pontos indicam crescimento dos investimentos.
Todos os dados acima contemplam o tratamento sazonal.
Análise da Fiesp
Os resultados do Sensor de abril apontam para o horizonte já abordado pela FIESP e pelo CIESP de um ano dificultoso para a indústria da transformação. Alguns fatores reforçam os sinais destas expectativas, como a manutenção da taxa de juros em patamar elevado, o ambiente de contração das concessões de crédito, o quadro de desaceleração global e instituições financeiras em situação delicada pelo mundo. Com isso, a projeção da FIESP para a produção industrial do país em 2023 é de queda de 0,5%.
Neste cenário, a FIESP insiste que é imprescindível a tomada de ações de curto e médio prazo, como a reforma tributária, o reestabelecimento dos canais de crédito e a diminuição do custo da operação, além de políticas para a redução do endividamento das empresas e famílias brasileiras para amenizar os efeitos destes fatores em 2023.
“A pesquisa Sensor deste mês demonstra um movimento esperado, fruto do forte arrocho do crédito que por sua vez está fortemente ligado ao ambiente restritivo da SELIC no Brasil”, explica Igor Rocha, economista chefe da FIESP.
Metodologia
O Sensor é uma pesquisa qualitativa de conjuntura econômica realizada desde 2006. Ela tem como objetivo captar informações do andamento da atividade da indústria de transformação durante o mês corrente da coleta de dados, eliminando as defasagens de tempo das tradicionais pesquisas de conjuntura. Hoje, participam da pesquisa cerca de 30 das principais indústrias de São Paulo.