“Flores roxas”: um livro para mulheres que persistem

Em “Flores Roxas”, livro de poesia, publicado pela Editora Patuá, Viviane de Paula, feminista negra, dedica suas páginas a poéticas afetivas, sociais, de identidade e autoestima, abordando também questões sobre violência de gênero, racismo e saúde mental (como ansiedade e insônia). Assuntos estes que perpassam pela realidade de mulheres de diversas classes sociais e etnias, mas que atingem as mulheres negras em maior grau.

No livro, a autora dá espaço a metáforas e jogos de sentidos, também cita narrativas de escritoras afro-brasileiras, africanas e afro-americanas, as quais conheceu por meio de grupos e movimentos de mulheres negras e feministas, dentre eles, os que conheceu em suas viagens como nômade digital em Cairo (Egito), Buenos Aires (Argentina) e Nova Iorque (EUA).

“Flores Roxas” é um diálogo, uma partilha, quase uma conversa com os leitores, uma obra que pode ser seu livro de luta, seu livro de cabeceira ou uma leitura para driblar a rotina e dias difíceis. Para a autora, as flores podem ter essa denotação “dócil e inofensiva”, mas na verdade podem marcar situações memoráveis na vida de alguém: um reencontro, uma despedida, o nascimento e até a morte.

Nascida em Campinas, interior de São Paulo, Viviane de Paula é professora de línguas, designer, modelo e pesquisadora em literatura negra, graduada em Letras (português e inglês) na PUC-Campinas e pós-graduada em Design Instrucional no Senac. Parte de seus estudos em literatura negra, desenvolveu no Centro de Pesquisa em Cultura Negra, Schomburg Center for Research in Black Culture, em Nova Iorque; no Brasil, desenvolveu suas pesquisas na biblioteca da Unicamp e do Sesc em Campinas.

Ela se interessou pela escrita desde muito cedo, aos 15 anos, quando via a escassez de mulheres negras no panorama literário, o que lhe causava estranhamento e inquietação. Foi na PUC-Campinas, em 2012, que teve o seu primeiro contato com um coletivo negro, o Núcleo Negro Teresa de Benguela, que discutia identidade, gênero e racismo, e lutava contra os episódios discriminatórios que ocorriam no ambiente acadêmico e no cotidiano de alunos negros. Esse período que passou como integrante do Núcleo foi essencial para sua formação.

Em 2015, submeteu o seu primeiro conto em um concurso literário na PUC-Campinas, denominado “A menina que acredita em heróis”, em memória de seu pai, que esteve ausente em sua formação e faleceu devido ao vício em drogas e esquizofrenia. Esse conto teve grande destaque na universidade e foi um divisor de água na vida da autora.

A partir de então, com apoio de amigos, família e de suas professoras universitárias, começou a dar mais atenção ao que escrevia, tratando com maior afetividade os seus textos. Foi também em 2015 que começou a publicar poesias, contos e crônicas em coletâneas e antologias no Brasil.

Assim, participou como autora da coletânea “Horas Sombrias”, da Editora Andross, na categoria de contos sobrenaturais; do “Prêmio VIP de Literatura”, da AR Publisher Editora, na categoria poesia; e do concurso “Novos Poetas do Brasil”, da Editora Vivara, também como poeta. Atuou ainda como colunista em blogs, como o Portal África Educação, Alma Preta Jornalismo e Blogueiras Negras.

Em 2019, fez parte do “The Brooklyn Poetry Slam”, na cidade de Nova Iorque, quando esteve em intercâmbio cultural nos Estados Unidos. Em parceria com a Universidade Federal de São Carlos, em 2020, publicou no “Festival CultivArte” alguns de seus poemas inéditos.

A autora passou por um longo processo identitário para, enfim, considera-se e chamar-se escritora. Para ela, a escrita não necessariamente deve gerar algum lucro, mas prazer, reflexão, emoções – mais que isso, uma transformação. A sua escrita perpassa por diversos gêneros literários, desde a poesia até crônicas, sendo a literatura o lugar onde se encontrou, descobriu-se e redescobriu-se como mulher afro-brasileira.

Informações sobre a autora:
Blog: /pretapoesia.wordpress.com
Instagram: @pretapoesia
Facebook: /pretapoesiapreta
E-mail: [email protected]

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