Projetos sociais formam a nova geração de campeões do boxe

Iniciativas que transformam a vida de jovens menos favorecidos formam atletas profissionais que brilham nos ringues nacionais e internacionais

Esporte que consagrou Éder Jofre e deu visibilidade mundial a campeões como Miguel de Oliveira e Acelino Popó Freitas, o boxe brasileiro segue revelando talentos em disputas de títulos prestigiadas por uma legião de antigos e novos fãs. Com um grande número de atletas formados nos ringues de projetos que incentivam, simultaneamente, a prática esportiva e a inclusão social, a modalidade experimenta uma fase de profissionalização em que investimentos e planejamento de carreira dão a conhecer uma jovem e promissora geração de pugilistas.

Desde 2017, com cerca de 30 eventos realizados por ano, o Conselho Nacional de Boxe (CNB) destaca nas disputas de títulos nacionais e internacionais uma ascensão do esporte tanto em participação do público quanto na revelação de talentos. Única entidade de boxe profissional no Brasil, o CNB representa os quatro maiores organismos do esporte mundial: WBC (World Boxing Council), WBA (World Boxing Association), WBO (World Boxing Organization) e IBF (International Boxing Federation). Para Mike Miranda Jr., representante nacional e responsável pelo departamento de Relações Internacionais do CNB, o crescimento do boxe no País também está atrelado à performance dos atletas. “Hoje, preparação e investimentos dão consistência à carreira dos pugilistas”, afirma.

Projetos sociais que incentivam a prática esportiva têm se tornado celeiros para a formação de talentos profissionais do boxe brasileiro. Uma dessas iniciativas, o Arte da Luta, que existe desde 2013 na cidade de Mogi Mirim (SP), tem revelado atletas no cenário nacional e internacional.

“Hoje, o Arte da Luta tem cinco títulos brasileiros pelo CNB, um conquistado por Mateus Silva, três por Pedro Magrelo, primeiro tricampeão pelo CNB, e um título com Mateus Munhoz, atual campeão brasileiro de peso-pesado”, enumera Márcio Ribeiro, treinador e idealizador do projeto. Um título intercontinental, pelo WBC, e um continental, pelo UBO (Universal Boxing Organization), foram conquistados por Matheus Silva. Pedro Magrelo detém do cinturão sul-americano pela WBC.

Todos os atletas profissionais do Arte da Luta, vencedores de títulos nacionais e internacionais, segundo Ribeiro, vêm do projeto social. “Atualmente, temos cerca de 20 pugilistas em fase de treinamento para que se tornem profissionais. Deste grupo, apenas dois não são do projeto social”, destaca.

Entre os boxeadores profissionais do Arte da Luta, o treinador Márcio Ribeiro destaca a trajetória de Mateus Munhoz. Talento surgido no projeto social da Igreja do Nazareno de Sousas, em Campinas (SP), o atual campeão brasileiro de peso-pesado teve a oportunidade de se profissionalizar em Mogi Mirim. “Com a infância difícil que tive, se não fosse pelo projeto social eu não teria dado este salto na carreira. Encontrei muito incentivo não só para praticar boxe, mas também para transformar a minha vida”, afirma Munhoz.

De acordo com Júlio Cabrino, empresário de Mateus Munhoz, os investimentos vão muito além de apoio e agenciamento. “É todo um conjunto, que envolve treinamento profissional, suporte nas áreas de fisioterapia, nutrição, atendimento psicológico, formação e educação, dependendo da idade do boxeador, condições de moradia, mudança para locais que favoreçam o treino e a qualidade de vida do atleta”, afirma. “A estrutura ainda falta no País, mas nos empenhamos para viabilizá-la com uma base completa, de forma que os atletas possam ascender, assim como o boxe brasileiro”, conclui o empresário.

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